sábado, 28 de abril de 2012

Gula

O amor é cheio de excentricidades.
Um bocejo de desculpas antecipadas e instantâneas.
Na boca do estômago raros sorrisos doces e tristes
e um sono levíssimo.
Desperta aos mínimos sussurros
para a assaltar, em segredo,
a calórica geladeira dos desejos.

domingo, 22 de abril de 2012

Dor fantasma

Disse a ciência está dito.
Eu é que não me arrisco a ser "do-contra”.
“Quando alguém sofre uma amputação, 
a parte amputada ainda existe no seu mapa mental”
Disse o enfático médico cheio de razão.
“Mesmo quando os olhos não veem, o cérebro sente”
Declamou o poeta cheio de emoção.
Eu, que nunca amputei um braço ou uma perna,
mas já perdi incontáveis partes de mim,
vivo sentindo uma coceirinha pelas pessoas que já se foram
porque passaram a morar longe,
ou porque morreram de desastre,
ou simplesmente se cansaram de mim.

domingo, 8 de abril de 2012

Nonsense

Alívio seria se você se mudasse de mim
ou se viesse de novo repetir o que foi bom.
Entre tetos, aconchegos e abrigos
até o dia nos amanhecer amigos.

[A autora, numa manhã nonsense de páscoa, brincando com a definição do poeta Mário Quintana: “Amor é quando a gente mora um no outro.” ]