Meu Deus,
Senhor dos destinos insondáveis dos homens,
confesso humildemente minha incapacidade de compreender a terminalidade da vida.
É tão difícil ter a valentia necessária para entender os ventos impetuosos da morte e enxergá-la metaforicamente como o sábio autor a descreveu: a curva que nos espera ao final da estrada...
Só peço que não permitais que aceitemos com naturalidade a partida prematura de nossos jovens. Que nunca nos falte a inquietação, o incômodo desassossego, a reflexão dos porquês.
Ajudai-me a amadurecer a cada dia com as lições que a vida me proporcionar.
Que eu me transforme a partir dos acontecimentos e que estes não sejam em vão.
Que a medicina me ensine a calar quando me faltarem palavras e a amar com mais ternura porque nada pode ser tão urgente quanto o amor.
Que a belíssima inspiração do poeta gaúcho se cumpra entre nós...
“A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim..."
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim..."
Mário Quintana, Poesia Completa.
Que os anjos do céu digam “amém” à doce rima de seus versos e os homens de boa vontade vivam motivados pelo objetivo de concretizá-la.
[Em homenagem ao querido Fabrício que faleceu ontem na Enfermaria de Moléstias Infecciosas do HC-UFU, às 10h02min numa manhã ensolarada como poucas. Infelizmente, os bons ainda continuam a morrer muito jovens]