domingo, 5 de janeiro de 2020

Início de ano (novo)


O ano começou com uma folga triste e melancólica. Elaborei iniciativas para romper com o desamparo, mas recuei diante das filas intermináveis nos cafés e cinemas nessa época de férias escolares.

Ontem, passei mais de uma hora na livraria procurando solitariamente encontrar você em poemas e contos de amor. As florestas da Austrália se consumindo em chamas e o meu peito como broto verde ardendo em saudades do que a gente não viveu, como se as luzes do Natal ainda continuassem acesas cintilando desejos incandescentes dentro de mim. O mundo em pânico com receio de uma nova guerra e eu imaginando como solucionar nossos desencontros, como te enlaçar nos meus braços, como desarmar nossos medos, como desatar nossos nós, como encurtar a distância geográfica entre as nossas bocas, como aproximar o continente dos nossos sentimentos, como apaziguar nossas dúvidas e como selar um tratado de paz com essa imensa falta que você me faz.

O final de semana passou como uma piscadela juvenil. Muito provavelmente você nem irá ler esses escritos desmanchados de amor. Deve, penso eu, estar terminando o domingo num desses sofisticados cafés da cidade lotados de gente com um sorriso leve no rosto, enquanto eu estou aqui pensando se ainda vale a pena tirar o pijama antes que o dia acabe.