Qual a consistência material do que você sente?
Prefere a fluidez de um sangue ralo ou a espessura de um trombo recente?
Você se contenta com simplesmente viver ou precisa pensar nas propriedades farmacológicas do que vive sentindo?
Você se orgulha mais de ter um corpo esguio ou um coração liquefeito que mal para em pé diante de tanto solavanco?
Quanto o seu histórico de tromboses venosas diz da sua trajetória de obstáculos pessoais?
Qual a composição do seu plasma?
Adianta anticoagular se não for recanalizar?
Qual a sua capacidade de construir colaterais?
O que mais te faz mal: turbulência ou estase?
Qual a reologia da sua superfície?
Já conseguiu aparar aquelas arestas?
Consegue superar a fragilidade de uma hemácia?
“To bleed” e “to bless” só rimam ou conjugam dores semelhantes nos seus tempos verbais?
Não se preocupe.
Não precisa responder tudo agora.
Melhor acudir o leite que derramou sobre o fogão.
Esse é o preço que se paga por ousar se distrair tempo demais com a poesia.