semi-líquida
e quebradiça que a gente vê.
Ela te
beija todas as manhãs com a boca molhada de café
enquanto
você, docemente iludida, se convence
que não
haverá mais nada tão amargo no restante do dia.
Depois
te acalma elogiando teus cabelos negros e sedosos,
mas nem te avisa que vai chover logo mais tarde.
Ainda ri
da alface entre teus dentes na hora do almoço
e do
ônibus lotado no final da tarde espremendo tuas esperanças.
Por
fim, te aperta e depois afrouxa
enquanto
te embrulha de presente num papel de pão
que
você deixou de comer para ouvir aquelas velhas desculpas.
- “Calma. O tempo é senhor da razão”.
Aí, ela
vira as costas e faz careta para você.
De
graça, puxa o tapete do teu coração
e ainda
tem a cara de pau de colocar de novo
estrelas
na sola dos teus pés.