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domingo, 13 de julho de 2014

Campeonato pelo primeiro lugar no pódio dos piores do mundo

     É irremediável brigar contra o tédio. Não adianta marcar audiência de conciliação, ensaiar despedidas marcantes, enumerar argumentos convincentes e qualidades pessoais, bancar discursos articulados, fingir corpo esguio e autocontrole. Todas as pessoas, por mais decididas e bem resolvidas que aparentem ser, desmontam a pose quando se encaram verdadeiramente diante do espelho do banheiro.
     É preciso reconhecer que, por mais libertador que seja rolar escadaria abaixo, os joelhos esfolados não escondem a continência do viver. Reconfortante é concluir que a coleção de cicatrizes que carregamos no próprio corpo têm muito mais da nossa história de vida que qualquer luxuoso álbum de fotos.
     Toda a minha admiração aos esfolados, aos perdedores, aos que encerram o mês no vermelho, aos desiludidos, aos últimos da fila, aos perdidos na confusão da cidade grande dos sentimentos, aos que ficaram de fora da festa de encerramento fazendo companhia para a lua. A gente joga no mesmo time! E se falarem por aí que a gente não vai muito longe dentro do campeonato da vida concordaremos silenciosamente com um sorriso tímido daqueles que exteriorizam nos lábios uma espécie de clarão interior por sabermos muito bem que nem sempre no pódio estão as melhores histórias.

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