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sábado, 3 de dezembro de 2016

Restos mortais

Quanta gente morre todo dia soterrada por uma avalanche de pragmatismo, asfixiada num vazio sem encaixe, num silêncio infértil, numa dor sem transcendência.
Em tantas delas a chuva caí e escorre impermeável, o vento bate sem envergar ou refrescar.
Vivem como se o mundo fosse trincado por dentro de cima para baixo.
Não dão um passo sequer com o cadarço solto, nem um mísero soluço quando sentem medo.
Morrem com a coluna arqueada, as coronárias entupidas ou por morte natural, sem compreender, no entanto, que a vida é um dom que se concede aos que subtraem da felicidade o detalhe que a maioria não repara enquanto vive.

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