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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

No divã


     "Há mais mistérios entre o céu e a terra, Horácio, que sonha a vã Filosofia". Hamlet, Shakespeare

     Definitivamente a mente é movida por processos criativos de expansão.
     Melhor aproveitar dos devaneios freudianos para não afunilar o olhar nem viver infeliz em cercas impostas. 
     Para um certo vienense, revolucionário do pensamento humano, com seu charuto na mão, seu olhar misterioso e sua cara terrivelmente invocada, a arte e o lúdico são fontes de inspiração para recriar a si mesmo além de objetos de satisfação erótica. Nessa concepção, o artista seria aquele que preserva o recalcamento e aprimora a imaginação criadora da criança. Por isso, tanto o artista, como seus leitores, realizam simbolicamente pela arte os desejos reprimidos, tal como a criança faz ao manipular a realidade em suas brincadeiras.
     A emoção estética diante de uma poesia, uma música, uma tela, uma escultura é resultado antes de tudo de um processo de reelaboração subjetiva a partir de elementos do inconsciente e do posterior significado extraído da obra por cada observador atento. Interessante isto, primeiro a emoção, só depois racionalizamos sobre o registro estético.
     Assim, o escritor é também um incorrigível sedutor. Como eu suspeitava... A leitura é um constante convite à sublimação, tentativa de modificar a realidade para obter nela o que nos fora negado por ela. Convite, inclusive, extensivo a todos aqueles que desejarem se candidatar, livre e espontaneamente, a essa incrível forma de prazer inventada pelos humanos. Transgressora e genial como qualquer criação artística.
     Por fim , encerro esse diálogo psicanalítico com a famosa frase do livro “O idiota" de Dostoievski: “A beleza salvará o mundo". Alguém duvida? Pode deixar, Freud explica...