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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O lugar da poesia


     É preciso reconhecer a beleza e a lucidez dos versos de Manuel de Barros. Ele não pertence ao mundo dos razoáveis. Construiu uma poesia com substrato social profundo e responsável, sem dicotomia vida-trabalho e sem abolir os afetos da dinâmica da vida.
     Para quem quiser conhecer um pouco mais da obra e da personalidade atraente do poeta sul-mato-grossense indico assistir ao documentário "Só dez por cento é mentira”. 
     
"Aprendo mais com as abelhas do que com aeroplanos.
É um olhar para baixo que eu nasci tendo.
É um olhar para ser menor, para o insignificante,
que eu me criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma barata -
cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão - antes que das coisas celestiais.
Pessoas pertencidas de abandono me comovem
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.”


Retrato do artista quando coisa, Manoel de Barros.