Escrevi um estratagema audacioso para encontrá-lo entre canto e rima. Nos seus planos, o meu amor é a nota mais dissonante que a sua banda já tocou. Pode confessar. Só acreditei no que disse ser possível e assumi o imponderável romantismo entre encantos e escombros.
O meu poema compensou a frase clichê dos poréns e perdoou os apertos do peito. Também prometi desvendar, até o final do inverno, seu acorde perfeito. O segredo do seu prato preferido agora já é trivial na minha mesa. Subordinei suas conjunções às minhas concessões temperamentais.
No mais, a sombra do sol estende a tarde como um lençol enquanto o tempo se eterniza na janela do meu quarto. Já a varanda lá de casa, por sua vez, pretensiosamente só encomenda lua cheia quando alguém, de propósito, chega sem avisar...
É certo que a canção que eu fiz não faz calar as palavras. O irreversível imaterial desafia as regras da poesia e você, certamente, não foi feito para caber no papel nem se resumir num post só. Mais fácil os advérbios variarem que os adjetivos contemplarem toda a inspiração dessa hora.
Perdi o repertório. Esqueci a letra em público e como conjugar os verbos mais sérios quando você me olhou e, à beira do abismo, me fez rir das perdas da semana passada.
"Não é nada, não é nada!”, batuquei desajeitada num tom de samba e piada.
"Não é nada, não é nada!”, batuquei desajeitada num tom de samba e piada.
Por fim, brincamos de desafinar o coro chato dos descontentes à nossa volta e finalizamos improvisando uma prévia das 7 maravilhas do lugar imaginariamente inventado por nós:
- “Sorvete de menta com chocolate;
-Férias com pijama surrado;
-Relógio despertando domingo só pelo prazer de desligá-lo e dormir sem culpa;
-Bossa e vinho tinto;
-Jazz e sábado à noite;
-Música de Chico à dois;
-O céu como teto.”
Acabei ficando crédula de uns dias para cá.