terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Gerundismo

Segurando na mão de nossa Senhora protetora das calorias pra ver se a balança começa mais minha amiga em 2011.
Tendo um papo sério e definitivo com todos os remedinhos do clube da insônia.
Rindo dos erros tolinhos desse ano de meia tigela.
Cantando samba para ver se eu desafino menos nos acordes decisivos.
Fazendo poesia pra ver se compensa a falta de jeito para o amor.
Prometendo cuidar melhor das minhas plantinhas, tadinhas!
Jurando não negligenciar mais meu café-da-manhã.
Querendo três doses a mais de paciência e uma garrafa inteira de coragem.
Provando da fome de querer mais e melhor de mim.
Pedindo tempo bom, sol, praia e água de coco pra minha alma.
Assumindo a vocação de bobo da corte.
Reconhecendo que sou muito cínica para ser sensual.
Questionando algumas verdades estabelecidas, algumas mentiras também.
Calculando menos para diminuir os prejuízos.
Focando na distração e pulando amarelinha com os obstáculos.
Imaginando enquanto os olhos não vêem.
Começando a lição básico 1 de uma escolha profissional cheia de sinuosidades.
Brigando diariamente com a parte sádica do peito.
Abraçando a loucura insana de achar que o mundo ainda será menos sério.
Caindo a ficha que o ego e o superego definitivamente não se entendem.
Aconselhando em alto e bom tom a parte surda do coração.

[Uma lista de boas intenções para 2011... Faça a sua também, caro(a) leitor(a)!]

sábado, 18 de dezembro de 2010

Lá do mar, lado teu

Vejo sedutor o amor chamar
Parece lindo o poema á beira mar
A alma reclama aquela inspiração
Sem saber se depois da entrega vem sossego ou sofreguidão.

Imagino a tarde com a cor que seus olhos roubaram do mar
E pinto minha timidez com a intensidade de matar a sede
Que faz esse estado insensato
De boca seca, de pernas bambas
De pele fria, pulso arrítmico e falta de ar

Guardo o lirismo em fase de ebulição
À revelia da razão
Á flor da pele, a poética contradição
De todos os poetas, a perdição
No fino limbo do desejo, a espera de salvação
Feito dor e contentamento em consumição

Custam as cartas para chegar
Até o verso se revirar em reverso para declarar
Ao destinatário [que ainda demora uma eternidade para entender]
Quantos riscos eu arrisquei correr

Escuta, ó formoso sol
Afasta de mim esse medo que o mar me trás
Pois sei que um dia, se ele voltar a me levar, vou tranqüila
Pois deixo em terra firme meu coração contigo

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Final do semestre

     Por um acaso qualquer pensei mais em ti nas últimas semanas. Das provas, a do teu olhar é a que me ocupou mais. Eram tantas as doses de mistério que eu até me esqueci de decorar e acabei me atrapalhando nas armadilhas das palavras. Fiquei perdida entre os livros de um conhecimento que não foi feito para ser tácito. É que as suas intenções ainda merecem muito mais horas de estudo e dedicação e eu nunca fui muito boa nessas habilidades. 
     Repare só no meu tom de voz. Nas olheiras, nas dívidas, nas anotações pela metade, na bagunça do meu quarto também. Repare nos dias, no fim de dezembro, nas luzes se acendendo nos alpendres das casas, nos pisca-pisca das janelas dos apartamentos e na insistente esperança que ainda aconteça o novo em meio a tantas decepções desse monótono ano.   
     Mas quem sabe você ainda prove o velho all-star e eu me encante por Platão. Quem sabe eu te dê um poema de presente e receba, em troca, uma nota do tipo "aprovada com louvor" e ganhe até uma estrelinha no meu caderno. E se nos encontrássemos no recreio e dividíssemos o mesmo todinho? Se matássemos todas as aulas que não nos ensinarem a resolver os nossos desencontros, você me daria a mão?
     Talvez você até tivesse razão de me acusar de falta de tempo.
     Talvez eu tivesse sim coragem para dizer: “Vem que eu posso te fazer bem”.
     Só peço que não me venha aparecer em sonho porque senão eu perco o sono e as noites ficam longas demais. Estou cansada de tomar prejuízo todas as manhãs pela cara de insônia e a pouca disposição para começar a viver. 

[A autora prestes a se despedir do novo letivo no vermelho. Ah, essas racionalidades financeiras e afetivas! Ainda muito mais complexas que as temíveis provas de MI (risos meio melancólicos!!!)...]