Nem sei
explicar minha obsessão pelo tempo, por esse anseio de sentar ao lado de pessoas capazes
de narrar as causas dos sulcos impressos no próprio rosto, da história que
justifica as lágrimas tímidas que ninguém viu nem consolou, das memórias que o
amor sussurra sem pressa em hora tarde e da saliente cicatriz. Quero viver da
substância dos dias, do empenho diário, da inquietação que amadurece
a hora presente. Engana-se a si mesmo quem não pensa no quanto de
choro é preciso para sustentar o riso que abre uma noite de domingo.
Conto os dias como quem faz um ritual de passagem. Pinto o calendário com as matizes do entardecer. Vejo as estações mudando de forma e os raios do sol desenhando no céu as verdades que eu ainda não sei enfrentar. Porém, já não temo mais as contradições que encontro por aqui.
Volto ao passado como quem resgata uma nota promissória. Gosto dos móveis antigos, da beleza escondida atrás dos vitrais coloridos, do tecido emaranhado da rede que eu construí para descansar das perdas, da dúvida que existiu antes da conclusão ser declarada, do ensaio, dos preparativos, da bagunça nonsense do quarto mantendo certa leveza para os compromissos diários, da pausa na corrida para amarrar o cadarço do tênis.
Só não corro o suficiente para fugir da tristeza que me cerca. Nem tenho tamanha pretensão. Ao contrário, chamo-a para conversar, nos olhamos sem subterfúgios e, algumas vezes, até agradeço por sentar ao meu lado e me sussurrar alguns versos que guardo numa caixinha de madeira na mesa de cabeceira ao lado da minha cama. Depois volto naqueles rascunhos, limpo a poeira delicadamente e torno a aguardá-los como coleciona relíquias de inestimável valor.
Acho poética a melancolia. Ela possui contornos estéticos frágeis e delicados além de um ar de inutilidade que me comove.
Não tenho pressa. Busco o que tem gosto de espera, os poemas que demoram para nascer, o que antes fora promessa, o desejo não consumado que já é bom só na tentativa. Quem sabe ainda chegue o dia em que eu tenha plena coragem de assumir em público cada fracasso cometido a ponto de reconhecer que sou muito mais fruto deles do que das conquistas que julgo ter.
Acredito mais em quem economiza do que em quem esbanja. É sempre mais circunstancial a liquidação. Bom mesmo é namorar a vitrine.
Conto os dias como quem faz um ritual de passagem. Pinto o calendário com as matizes do entardecer. Vejo as estações mudando de forma e os raios do sol desenhando no céu as verdades que eu ainda não sei enfrentar. Porém, já não temo mais as contradições que encontro por aqui.
Volto ao passado como quem resgata uma nota promissória. Gosto dos móveis antigos, da beleza escondida atrás dos vitrais coloridos, do tecido emaranhado da rede que eu construí para descansar das perdas, da dúvida que existiu antes da conclusão ser declarada, do ensaio, dos preparativos, da bagunça nonsense do quarto mantendo certa leveza para os compromissos diários, da pausa na corrida para amarrar o cadarço do tênis.
Só não corro o suficiente para fugir da tristeza que me cerca. Nem tenho tamanha pretensão. Ao contrário, chamo-a para conversar, nos olhamos sem subterfúgios e, algumas vezes, até agradeço por sentar ao meu lado e me sussurrar alguns versos que guardo numa caixinha de madeira na mesa de cabeceira ao lado da minha cama. Depois volto naqueles rascunhos, limpo a poeira delicadamente e torno a aguardá-los como coleciona relíquias de inestimável valor.
Acho poética a melancolia. Ela possui contornos estéticos frágeis e delicados além de um ar de inutilidade que me comove.
Não tenho pressa. Busco o que tem gosto de espera, os poemas que demoram para nascer, o que antes fora promessa, o desejo não consumado que já é bom só na tentativa. Quem sabe ainda chegue o dia em que eu tenha plena coragem de assumir em público cada fracasso cometido a ponto de reconhecer que sou muito mais fruto deles do que das conquistas que julgo ter.
Acredito mais em quem economiza do que em quem esbanja. É sempre mais circunstancial a liquidação. Bom mesmo é namorar a vitrine.
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