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terça-feira, 14 de junho de 2011

O dia do poeta de todos os dias

Para encerrar como se deve a noite dessa segunda, que tal Fernando Pessoa?

Vou explicar o motivo do convite. Hoje, dia 13 de junho, se estivesse vivo, o genial poeta português estaria completando 123 anos. 

Um bom leitor de poesia certamente não pode deixar essa data passar em “brancas nuvens”. Ela merece uma comemoração especial. Por isso, selecionei 3 trechos de alguns dos meus poemas preferidos do autor. Os dois primeiros são versos assinados pelo próprio (Fernando Pessoa, ele mesmo) retirados da famosa coletânea “Cancioneiro”. Já o terceiro é um trecho do poema “Tabacaria”, talvez um dos mais conhecidos de Álvaro Campos. Aproveite a noite fria, tome um chá, aqueça-se de lirismo e  esqueça a pressa.  

“Amamos sempre no que temos
O que não temos quando amamos.
O barco pára, largo os remos
E, um a outro, as mãos nos damos.
A quem dou as mãos?
A Outra.
Teus beijos são de mel de boca,
São os que sempre pensei dar,
E agora a minha boca toca
A boca que eu sonhei beijar.
De que é a boca?
Da Outra.
(...)”

"(...)
PAIRA à tona de água
Uma vibração,
Há uma vaga mágoa
No meu coração.
Não é porque a brisa
Ou o que quer que seja
Faça esta indecisa
Vibração que adeja,
Nem é porque eu sinta
Uma dor qualquer.
Minha alma é indistinta,
Não sabe o que quer.
E uma dor serena,
Sofre porque vê.
Tenho tanta pena!
Soubesse eu de quê!..."

“ (...)
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
(...)”

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