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sábado, 20 de outubro de 2012

Incertezas

O substrato da vida é essa areia movediça,
semi-líquida e quebradiça que a gente vê.
Ela te beija todas as manhãs com a boca molhada de café
enquanto você, docemente iludida, se convence
que não haverá mais nada tão amargo no restante do dia.
Depois te acalma elogiando teus cabelos negros e sedosos,
mas nem te avisa que vai chover logo mais tarde.
Ainda ri da alface entre teus dentes na hora do almoço
e do ônibus lotado no final da tarde espremendo tuas esperanças.
Por fim, te aperta e depois afrouxa
enquanto te embrulha de presente num papel de pão
que você deixou de comer para ouvir aquelas velhas desculpas.

   - “Calma. O tempo é senhor da razão”.

Aí, ela vira as costas e faz careta para você.
De graça, puxa o tapete do teu coração
e ainda tem a cara de  pau de colocar de novo
estrelas na sola dos teus pés.



2 comentários:

Paloma disse...

senhor! dai-me uma fraçãozinha pequena de toda essa inspiração! *.*

Patrícia disse...

Paps querida! Inumeráveis vezes querida!

Ele já te deu, só que associou também no pacote uma parcela muito grande (quase insuportável!) de modéstia.

O que eu peço mesmo é que Ele nos ajude a cruzar nossas inspirações e a escrever, um dia, nosso projeto de crônicas/contos tendo a obra do nosso Chico como referência. Aquele projeto que nasceu de modo inusitado num daqueles bancos debaixo daquelas árvores altamente inspiradoras do Campus Umuarama, num daqueles muitos dias que a gente precisava respirar ares não-médicos, numa daquelas ótimas conversas.. Que saudade delas...

Oh, isso já tá no meu TOP 3 dos sonhos para um futuro não muito longínquo, viu?! Hahahaha...

Beijos (com bochechas rubras e felizes!)