Não há serventia na poesia.
A questão central é para o que ela
não serve.
Qual seu acento de honra no campo
das inutilidades?
Ao contrário do que se possa imaginar,
ela não aumenta teu poder de
sedução nem movimenta tua vida amorosa.
Pode inclusive tornar-te pouco
prática para as coisas práticas da vida.
Ela não prepara tua torrada de manhã,
como também não te defende na frente do chefe dos teus constantes atrasos.
O mais certo é que ela não se
fará de rogada
na hora de servir teu pranto de bandeja no
jantar.
Veja bem...
Clarice parecia uma mulher irremediavelmente noturna e melancólica,
Bandeira confessou ter medo da
morte mesmo depois de conhecer a Pasárgada
e nem o Tejo e os quatro heterônimos salvaram
o brilhante poeta português
da desassossegada saudade de sua aldeia.
Não se iluda.
O eu lírico viverá duelando com a pessoa
jurídica.
A poesia não arruma tua cama, não
frita teu hambúrguer nem gela tua bebida.
Agora, para todo o resto ela
serve.
E muito bem!
4 comentários:
eu só tenho uma única e mísera coisa pra te falar sobre esse seu poema: PÁRA DE FODER COM O MERCADO DE BOTINAS!! você tá me fazendo quebrar no meu próprio comércio!!! hshaiushiuahiush!! Parabéns, querida! esplêndido! o/
Eu quero mesmo é ser sua sócia, amiga! Vc me aceitaria? Vou fazer minha defesa:
1) A gente já escreve nos mesmos horários alternativos madrugada a fora;
2) Nossos olhinhos brilham numa metalinguagem;
3) Já estreamos nossa parceria no convite de formatura.
Que tal?
Hahaha...
Sempre me identifico ou identifico coisas que gosto em seus versos. Dessa vez, foi isso:
http://www.youtube.com/watch?v=T-iCzSsOZy4
Abraço.
Rio ao ouvir Paulo Leminski sem nem saber por quê. Ele me comunica coisas que eu não sei explicar. Gargalho com suas comparações inusitadas e depois me calo...
Concordo (olha que pretensão a minha, rsrsrs...) com a ideia da utilidade como uma sentença de morte, uma impressão compulsória de prazo de validade, um aprisionamento criminoso. O poema é, na verdade, o que sobra sem poder faltar! Ele tem vida própria. Somos nós que dependemos dele para existir com um pouco mais de sentido.
Obrigada, Guilherme, pela sua visita e por trazer Leminski junto contigo.
Salve o grande mestre! Que ele nos ensine a esquecer os porquês-além-da-alegria.
Um abraço.
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