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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Gerundismo- Ano 2013

Exercitando mais a autocrítica para ver se a vida ganha novos rumos.
Questionando se a ternura compensa ou se é uma luta solitária e perdida desde o princípio.
Prometendo ressarcir o travesseiro pelos lamentos que ele aturou pacientemente no último ano.
Jurando nunca mais admitir morrer na praia passando calor, com suor escorrendo na testa, mãos calejadas e, ainda assim, vazias.
Guardando as olheiras como se fosse uma daquelas relíquias que a gente mantém perto só por terem uma história comovente para contar.
Assumindo derrotas, fios brancos e uma tal de ansiedade que se somatiza em dores chatas na coluna.
Negociando com a enxaqueca um justo período de trégua.
Rezando com quem precisa adquirir mais fé para abraçar a vida reconciliada, de cabeça erguida e mais madura.
Recitando um poema que me convença dos contrários que me fazem bem.
Dando “Bom-dia” ao que me presenteia de graça e “Até nunca mais” ao que me cobra sem acrescentar.
Aconselhando as violetas da minha janela a serem menos tímidas e mais corajosas como fazem os girassóis.
Redecorando o quarto como quem deseja aposentar velharias.
Escolhendo melhor o que comer e priorizando dormir.
Começando a vida profissional de médica como alguém que pretende recuperar diariamente os motivos primeiros dessa trajetória.
Querendo meu rosto estampado num sorriso desmedido e minha voz impressa numa gargalhada capaz de acordar os japoneses.
Cuidando melhor de mim para não me arrepender amargamente depois.
Traçando sérias resoluções de vida com uma racionalidade nunca antes pretendida, mas aprendida recentemente à duras penas.
Brindando o presente, porque mesmo se nada der certo aos idiotas ainda sobram a ironia e o honrado título daqueles que, pelo menos, não atrapalham o caminho de ninguém.

[Caro(a) leitor(a), celebre os anos ímpares, os gerúndios, os tempos verbais que criamos para subverter o presente sublimando os quereres e as reinvenções de nós mesmos que temos legítimo direito de morrer tentando.]



P.S.: O blog “Porta dos Fundos” encerra esse ano sabático aderindo ao movimento “Fechado pra Balanço”. Esse espaço entrará em recesso por tempo indeterminado numa tentativa sincera de manter-se vivo com alguma criatividade. A autora permitiu-se um tempo necessário para recuperar-se das exigências que o existir tem imposto. Por uma questão de sobrevivência pessoal precisarei aprender a respirar com um pouco mais de paciência e de leveza. Talvez volte a escrever. Pode ser também que a pausa seja prolongada e  retorne apenas naqueles momentos que a esperança me faltar em níveis tão ameaçadores que eu já não suporte mais viver sem poesia e fique relendo (quem sabe revivendo!) o que já deixei aqui. Acredite... Eu não tenho nenhuma cópia da maioria das postagens deixadas no blog e pretendo que continue assim. Talvez desista de vez e venha somente para tirá-lo definitivamente do ar. A vida é insuficiente mesmo. Vive sempre por aí nos cobrando mais insistência, mas é o que temos afinal. Então, melhor tratar de viver antes que ela acabe!

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