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terça-feira, 12 de abril de 2011

Derradeiro blecaute

Era cedo quando apagaram-se as luzes.
Com a penumbra os desejos se aguçam.
Vozes impróprias suspiram e soluçam.
Corpos incandescentes consumidos sem dó.
Cinzas encarnadas de amor,
subjugadas de medo, entranhas da dor.
Exageros do eu só,
reduzido a ínfimo pó.
Decretado apagão.
Em tempos de racionamento vão,
qualquer clamor já é açoite.
Seja dia, seja noite.
Está posto o blecaute.
Sem tardar, uma luz irrompe na cidade tenebrosa.
Descobri um resquício de claridade no ar
É aceso o luar.
Vi seus olhos... seus olhos...
Repito e aponto devagar.
Decidi por fim neles morar
e nunca mais ter que anoitecer.

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